toca meu coração com teus dedos frios...
eu tive tanto amor um dia!
sinto que toda essa minha frigidez é a espera por alguém que em algum lugar, de alguma forma, já me aguarda também, talvez numa esquina de buenos aires, num beco de lima, num lugar qualquer, mas longe daqui, longe desses meados de sentimentos picotados e destrutivos (ou destruídos apenas).
alguém que, querendo ou não, também já me espera. talvez não com invernos dentro de si, como tenho feito eu, mas com uma extravagância e loucura de verão; alguém talvez que esteja nesse momento agarrado em outros corpos, desejando-os até, mas que por dentro me espera, prepara o terreno pra mim.
sei que é mais fácil aceitar isso do que fazer alguma coisa com a minha total apatia agora, aqui. mas não posso fazer nada se sinto que todos que eu encontro por essa Porto Alegre cansada e húmida não valem a minha atenção, no máximo o inverso: eu não valho a deles. não posso fazer nada se sinto que tem alguém eufórico e triste em algum lugar, porque me procura pelas esquinas e becos, mas sente e sabe que eu não existo ainda.
talvez seja isso: ainda não existo. preciso me fazer existir. preciso me mexer. dar um jeito de mudar essa mesmice.
o que nos espera leva tempo, mas será que algo espera? que as coisas não vão acontecendo?
aqui não acontece nada. mas e eu, que não aconteço também? por onde me encerro e começo de novo? tou cansada desse meu marasmo. tou cansada de mim.
Ano novo, vida nova?
Há 4 meses