segunda-feira, 31 de maio de 2010

ah, passa devagar a tua mão na minha cabeça

toca meu coração com teus dedos frios...
eu tive tanto amor um dia!


sinto que toda essa minha frigidez é a espera por alguém que em algum lugar, de alguma forma, já me aguarda também, talvez numa esquina de buenos aires, num beco de lima, num lugar qualquer, mas longe daqui, longe desses meados de sentimentos picotados e destrutivos (ou destruídos apenas).
alguém que, querendo ou não, também já me espera. talvez não com invernos dentro de si, como tenho feito eu, mas com uma extravagância e loucura de verão; alguém talvez que esteja nesse momento agarrado em outros corpos, desejando-os até, mas que por dentro me espera, prepara o terreno pra mim.
sei que é mais fácil aceitar isso do que fazer alguma coisa com a minha total apatia agora, aqui. mas não posso fazer nada se sinto que todos que eu encontro por essa Porto Alegre cansada e húmida não valem a minha atenção, no máximo o inverso: eu não valho a deles. não posso fazer nada se sinto que tem alguém eufórico e triste em algum lugar, porque me procura pelas esquinas e becos, mas sente e sabe que eu não existo ainda.
talvez seja isso: ainda não existo. preciso me fazer existir. preciso me mexer. dar um jeito de mudar essa mesmice.
o que nos espera leva tempo, mas será que algo espera? que as coisas não vão acontecendo?
aqui não acontece nada. mas e eu, que não aconteço também? por onde me encerro e começo de novo? tou cansada desse meu marasmo. tou cansada de mim.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

quem semeia vento colhe sempre tempestade

então continua alimentando gostos estranhos, sufocando as poucas paixões que te vem, desinibindo idiotices nas horas onde melhor seria nem existir.
continua, criança tola, a dormir pouco durante a noite, a tentar repor o sono à tarde e não conseguir render o dia. continua, criança, e reclama dos sonhos que não lembra, sem perceber que ao menos agora sonha...
morre na metade dos sorrisos, tenta apagar as lágrimas já tão desejadas, mostra que tem mil planos e não realiza metade.
chora, criança, que te faz bem. grita, criança, pra ver se essa coisa entalada na garganta se desintegra.
ah, mas ao menos semeia o que ainda te convém e não te mata, continua com as epifanias estranhas e óbvias, continua saindo de cabelo molhado no invero, só pra sentir o cheiro de vida de manhã cedo...
ah, criança! que vontade de te por no colo e te ninar, te ajudar a resolver as coisas, uma vontade enorme de te dar carinho e nunca mais te deixar só.

sábado, 15 de maio de 2010

antes que esse nada me sufoque

não tá rolando, entende? esses dias alguém me disse que só acredita em amor quando é natural, quando acontece, quando as coisas fluem. não tá fluindo, vês? se sou eu, se é tu, se somos nós quem não combinamos - já não sei. já não me importo.
a resposta da pergunta que tu não me fez, que tu não vai fazer nunca, a resposta é NÃO.
não mais. não vou ficar esperando. que eu queria, que eu tava na pilha, ah! tava sim. mas se ainda me resta uma ponta de orgulho e auto-estima, cá está ela se manifestando. fim. fim dessa coisa que não teve sequer um começo. fim dessa coisa que só pode ser chamada de "coisa", porque não é nada, nem um relacionamento, porque sequer ficamos com frequencia, ou trocamos carinhos, e nem uma trova propriamente dita, porque também é evidente que já passamos dessa fase.
eu te quero. e deixei bem claro. álias, nunca fui tão clara antes. mas se tua resposta é vazia e receosa, se tu hesitas, então isso é mais um não do que um sim. tu tá me enrolando, tá enrolada com a vida também. não tem espaço pra mim. e repito: não sei se é tu quem não tem espaço, ou eu que não me encaixo nele. mas a gente não encaixa. a nossa "coisa" não flui.
e eu concordo com a pessoa que disse isso, ao menos em partes, que tem que ser natural. e não tá sendo. eu to fazendo um esforço e me incomodando desde agora com coisas bestas e nem sei se sequer tu gravou meu nome direito.
exagero. mas a metafora vale.
to cansada disso. de não ter tempo, de ter que marcar e desmarcar e remarcar e não fazer nada direito e ser deixada de lado.
eu não vou ser segunda (ou terceira, quarta, quinta) opção de novo. eu não vou abrir mão das minhas coisas de novo. eu não vou implorar pra deixar de ficar em casa estudando e sair comigo. eu não vou passar por essas coisas outra vez, porque todo mundo sabe que quando se quer tempo se arranja, e é a pessoa que tem que arranjar, não a outra. e não vou fazer isso porque já me desgastei muito, e ando precisando de pessoas que me ponham pra cima, e não pra baixo.
tu me poem pra baixo.
e é por isso que eu escrevo essa carta que não vai ser entregue, com essas coisas todas que eu queria dizer mas não vão ser ditas. pra clarear as coisas, pra deixar bem esclarecido que sim, eu quem tomei a última iniciativa, eu quem fui o último contato feito, e se alguém aqui levou um fora, fui eu. e é tentador insistir nisso, por mais simples e não-duradouro que fosse, porque tua companhia me agrada muito, e eu já me afeiçoei aos teus traços. mas escrevo principalmente pra dizer que é uma escolha minha também esse fim. que é uma escolha consciente e difícil, mas que já foi tomada.

aproveita o livro. e por favor me devolva ele um dia.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

vazio vazio

hipnotizar, lembrar meu amor
meus olhos e narinas em prontidão
a mão suando frio e um vazio vazio
são os desenhos da fumaça de um cigarro aceso
que viram bolhas pra me embrigar
(que viram flechas pra me envenenar)

sábado, 8 de maio de 2010

não

tem um seriado estranho que tá dando na tv. tudo dá errado na vidas pessoas e depois um dos personagens salva o outro sendo muito solidário e amigo e tudo fica magicamente bem. quer dizer, talvez não seja estranho, seriados são assim normalmente, mas me doeu ver. não é assim, sabe, não é assim simples, alguém caga em ti e tu fica acabado, sabe? não é só aparecer e fazer todas as pessoas participarem de um leilão beneficiente e todos colaboram, sabe? não é assim.