segunda-feira, 1 de novembro de 2010

para lembrar do começo

meus sorrisos formam aspirais coloridos com roxo e azul e verde e algo vivo, assim, meio água meio mar meio ar meio confusão mesmo. meus sorrisos, tão ajenos antes, agora tão presentes. presente. você. espaço meu invadido, confusão confusão. ando tão azul. aspirais que se mexem, que caminham na minha cabeça buscando a escuridão. não, não, é só de luz esse momento. foi apagada a escuridão. acenderam a luz (eu já tinha avisado). ó ó ó, te cultivo em mim. bem fundo, bem devagar bem arraizada: vai embora não, nunca. já sinto tua falta pelos próximos finais de semana ausentes. suspiros suspiros leves e brancos (e branca sou eu também deitada do teu lado). não me preocupo com toda essa definição porque tenho todo o tempo do mundo pra definir qualquer coisa.
um coração acelerado sussurra pra mim: veio pra ficar. e já está. e continuará. e todo o resto é meu e nosso. sonho com gosto de algodão verde-água, teu olhar que me engole, que eu engulo também. anunciação de um verão inesquecível, que precede várias estações inolvidables

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

completude e complexidade

e não regressar mais dos teus abraços, e não estar mais inteira totalmente (pedacinhos deixados em ti). mas sim, precisar viver a metade que sobra sozinha e vazia, porque, pelo menos por enquanto, (e é preciso entender bem) é o fragmento estilhaçado que dá sentido à ideia de ser completa.



- Que olhar é meu nos olhos teus?


segunda-feira, 20 de setembro de 2010

and live

ela gemia tão bem, mas era tão vazia.
os suspiros azuis, a boca entre aberta: convite pro sexo. mas ia embora antes - o tesão, a líbido, o carinho até, tudo ia embora no momento que começava.
o prazer era seco e oco e mesmo o amor entre os corpos era só abstrato, não tinha amor concreto, não tinha mãos dadas em meio ao gozo ou dedos sutilmente sentindo as costas durante um arranhão. a eterna espera de sempre se entregar a alguém que te merece, e no fim sempre entregue ao vazio, ao duro, àquilo que te maltrata. a uma foda sem entrega.
gostava dos gemidos, tão fortes, ofegantes, presenciais, aumentavam os estímulos.
forçados. uma vontade de quem precisa trepar, não de quem precisa invadir o outro. o outro precisa sentir a invasão. mas ela não se invadia e não deixava que a invadissem. talvez por isso os gemidos, a agonia manifestando-se em sons tão altos. e se desenvolvia bem com o corpo, tinha uma cintura legal, um quadril de fêmea reprodutora, peitos bonitos, grandes, sedutores também. mas não sabia usar tudo isso direito, tinha aprendido o molejo de andar mas era praticamente frígida no sexo. tinha medo, receio, pudor, qualquer dessas coisas que não se pode ter numa transa, muito menos com alguém que se ama. e quando fluía um pouco mais a ajuda era do álcool e quando a sobriedade vinha a coisa se cortava. ela foi até o fim bastantes das vezes, mas provavelmente em nenhuma se rendeu de todo, em nenhuma deixou a coisa ir até o fim sem hesitar. e hesitando se fazia fria, distante, nojenta até.
a partir disso o momento se mostrava todo azul arroxeado, e já é muito claro que os sentimentos sempre precisam ter tons de azul mais claro, quase água, uma cor assim que ela não tinha nunca. (e que talvez nunca pudesse ter.)

*

eu cheguei a achar que ele nunca ia poder se recuperar, que nunca ia ver o azul claro de novo, só esse cinza e feio que ela tinha deixado. mas ele viu, ele viu de um jeito bonito. um jeito bonito numa noite bonita, que podia se tornar linda com o tempo. sabia que ia chegar o dia que, enquanto gozava, ia sentir claramente o mar sob seus pés, talvez sob suas costas, sabia que só precisava esperar. aquela sensação azeda e receosa ia ir embora, já estava indo. o que lamentava era não poder suportar o suor tanto tempo, o banho desesperado lhe tirava também o cheiro marcante daquele corpo diferente. mas isso deveria ser a menor das preocupações: vinha pela frente uma época de aromas novos.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

sabe o que é que é?

não aguento mais.

domingo, 29 de agosto de 2010

perder-se é o começo.

olha voz que me resta / olha a veia que salta / olha a gota que falta / pro desfecho da festa / por favor, deixa em paz meu coração / que ele é um pote até aqui de mágoa / e qualquer desanteção, faça não /pode ser a gota d'água

confusão olhos-olhos, aqueles teus olhos que antes calavam tanto, se recolhiam tanto, agora tão abertos. ah, você, por que sempre dessa forma tão estranha? por que antes tão duro e agora tão novo?
não sei, o que eu sinto é sempre tão real mas fica sussurrando pra mim mesma e não me levo fé, não me levo fé e esse é o problema todo. ouvir mais a mim mesma, impossível - e tão necessário. mas sabe o que é, minha babaquice se justifica, a tua também. pobre, pobrezinha, tão bestinha. eu. ou tu, também, cada qual com sua culpa.
ah, te vejo na minha vida ainda, desde antes, sabia que podia te ver na minha vida. não no sentido de me marcar, mas no sentido de estar, secundariamente ou não, nela. te vejo, sim. mas talvez seja apenas de uma forma banal, apenas essa forma vaga e estranha.
será que eu não troco os pés pelas mãos?
será que o risco é válido?
eu, que bem sei que ando transbordando meu pote de água, que qualquer gotinha me fará jorrar.
ou talvez jorrar seja bom, purifique, deixe o pote vazio de novo.

não, não vou esperando o pior. não, não vou esperando o bonito e eterno. não vou esperando nada. talvez pela primeira vez em todo a vida, não espero, não planejo, não me deixo ilusão.
e é essa vontade da surpresa que me encanta, que me faz ir além, o saber que cada dia é novo, que cada descontrole pode vir pro bem, que todo o desfeito pode também ser uma construção nova. o novo, o estranho, o sublime.
se perder é só o começo.

sábado, 14 de agosto de 2010

para reflexão própria

Um grupo de porcos-espinhos apinhou-se apertadamente em certo dia frio de inverno, de maneira a aproveitarem o calor uns dos outros e assim salvarem-se da morte por congelamento. Logo, porém, sentiram os espinhos uns dos outros, coisa que os levou a se separarem novamente. E depois, quando a necessidade de aquecimento os aproximou mais uma vez, o segundo mal surgiu novamente. Dessa maneira foram impulsionados, para trás e para frente, de um problema para o outro, até descobrirem uma distância intermediária, na qual podiam toleravelmente coexistir.
(Schopenhauer, apud Freud [1921] 1996)

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

o silêncio também foge

é vida, hora de ligar a luz. tão forte, eu que sempre fui de penumbras. engatei, azar. o escuro ou a luz que cega. extremos de uma mesma sintonia. sou eu quem estou acesa.
tem uma coisa terrível de acordar cedo, sabe, é ter sono. é terrível-terrível, saber que se demora quase uma hora no ônibus pra chegar lá. mas lá está aquilo, sabe? aquilo que te completa. e de qualquer forma não há muita opção.
e o que importa se no fim somos todos tão culpados e tão inocentes? o que, me pergunto sempre, o que importa de quem é a culpa? por favor, olhar pra frente, achar o culpado não reverte o ato. mudanças, mudanças. mudanças? sinto que no igual também há força.

ah, meu coração lateja.
quem me encontra quando eu mesma já me esqueci? como não te desejar tudo de bonito e como não te odiar ao mesmo tempo? como ser, ao menos um pouco, menos egoísta? como parar de fazer perguntas, já que as respostas não existem, ou ao menos não são dizíveis?
como ir adiante se o que tá atrás faz tanto sentido? e se o que faz sentido é ruim, como encarar o caos do confuso?
ah, meu coração estaciona.
não é verdade que eu não estou pronta. nem é verdade que eu não me encontrei ainda. a verdade é que se abre mão de uma coisa por outra. abri mão de muito, e já nem sei exatamente pelo quê. mas toco. não vejo: só toco. (está ali.)
ah, que coração é esse?
me enveneno. também me construo. moinho aos pedaços, fluente da água, fluente do movimento. falo, falo, falo. por fora sim, mas me aquieto tanto por dentro. tenho sido tanto silêncio ao revés.
ah, já não há coração.
não é que esteja vindo algo lindo pela frente, mas eu construo agora um algo lindo, entende?
construo e há de florir.
há de florir.

de junho, da frustação de um inverno só

achei umas conversas de msn antigas por aqui, inclusive as tuas - nossas. a gente era tão doce, lembra? a gente era tão triste, também. agora parece obvio: isso nunca ia dar certo, duas pessoas se juntando pela tristeza, veja só.
eu fiquei com medo de abrir a pasta, mas confesso que foi a primeira que eu procurei. sabia que era meio autossabotagem, mas abri mesmo assim, disposta a me afundar.
babaquices nos primeiros dias, mas foram ecos que ficaram retumbando na minha mente várias mesas de bar. eu me apaixonei por ti na primeira conversa, no primeiro encanto. sinceramente, lendo as nossas falas hoje, não fez o menor sentido, porque tu só respondia coisas banais e não tinha nada de apaixonante nisso. mas me apaixonei, como o resto da história demonstra.
e sabe, eu vim escrever aqui porque fiquei tocada, não sei bem pelo que ou de que jeito, mas fiquei meio tocada com essas conversas. mas sabe que foi bom? percebi que essa coisa passou. leio o que tu dizia, o que eu dizia, e não entendo a magia que eu imaginava antes.
fui devagar no começo, tão metódica. conversava com uma amiga cervejas a fio sobre o que eu deveria dizer, sobre cada palavra usada, tentando sempre acertar o jeito certo e te amarrar a mim. mas te amarrei tarde de mais, não é? eu não pude, ou talvez tenha podido mas ignorei, ver que tu tava amarrada pelo outro lado ainda. por outro alguém.
construi em ti algo maior, mas ainda assim te amei de um jeito fraco. e o verbo é amar mesmo, o sentimento é amor mesmo, te amei, te amei e te amei até quando tu nem sabia o que isso significava (e mais fortemente nessa parte).
também não vou mentir que foi um amor lindo, intenso, inesquecível. pelo contrário: foi um amor completamente esquecível. fraco.
é mais simples que eu coloque a culpa em ti por não ter construído uma história de amor digna de um romance, porque de fato tu não estava pronta pra coisa. mas e estava eu? como eu me justifico sabendo que fui racional durante toda a conquista, que não deixei fluir, que fui botando metas e comprindo-as... e como eu podia esperar que disso saísse algo natural e puro? se era algo que eu havia planejado? porque é sim verdade que eu me joguei, mas me pergunto francamente: no que, céus, no que eu achava que estava me jogando? em que tipo de relacionamento? como eu podia ter um futuro com uma pessoa completamente incompátivel a mim, com um mundo completamente incompátivel ao meu, que eu sabia que não ia suportar o meu temperamento e era claro que a minha condescendência não ia fazer bem pra nenhuma de nós?
ler essas conversas só me deixam mais esclarecida sobre tudo: eu errei. um erro que veio pro bem, mas eu errei.
guardo fundo as lembranças boas, os momentos românticos, os dias que eu achei que ia explodir de tanta felicidade, mas no fim nós erramos... eu tava me destruindo e achava bonito por ao menos ter feito algo da vida.
um relacionamento tem que ser de troca, recíproco, pros dois lados. preciso de uma pessoa mais madura. preciso ficar mais madura. e vou achar essa pessoa. porque ver teus olhos brilhando nos nossos momentos na beira do lago e teu desespero no último dia me fizeram ver que eu sou capaz de fazer alguém me amar, e isso eu confesso que não sabia.
só não sei... não tive coragem de ler as conversas até o fim, até porque são muito compridas. mas principalmente porque fiquei com medo de chegar na parte louca e absurda que foram nossos últimos dias.
sinto tua falta, mas quando tava contigo sentia uma puta falta de mim que eu não quero nunca mais sentir.
não sei bem por que, mas sinto que a partir de agora as coisas vão ser diferentes.

(quando a gente acha que sabe tudo percebe que andava tendo as dúvidas erradas.)

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

e você, o que me diz?

dígamelo.

sábado, 17 de julho de 2010

freneticamente feliz

to tão contente que abri a minha champagne que ganhei de aniversário há dois meses e tava guardando pra um momento que ela me chamasse - e hoje chamou - e até botei minha camisa nova mesmo estando frio pra cacete e sabendo que nao vou tirar as três camadas de casaco por cima dela mas daí resolvi que ia chamar alguém ou melhor ia ir até o bom fim me embebedar com a galera e daí pensei foda-se acabei de lavar a cabeça na água quente não vou sair no frio e assim sobra mais pra mim VOU TOMAR ELA SOZINHA MESMO to tomando tá legal to curtindo botei toda minha playlist que nao é muito vasta, creio que tem umas 200 músicas só mas ela é bem eclética agora tava tocando pearl jeam e eu cantei louquíssima e peraí minha água quente tá fervendo
é que tive que fazer uma miojo to ligada que é meio triste ainda mais que eu to tomando uma champagne que nem é vagabunda nem nada mas acontece que é a única coisa que tem pra comer aqui e até que no fim achei bacana o contraste champagne MUMM e miojo NISSIN na real nem é uma miojo é uma talharim que embora seja mais cara é pior que a miojo mas pelo menos é de queijo delicioso uhum então agora tá tocando um pop louco que é spice girls hahhaha to falando que a coisa aqui tá eclética daqui há pouco tocara fuego lento e antes tocou belle and sebastian nem to
pausa pra mexer o miojo
uhmm tá pronto
mas então enquanto esfria um pouquinho tenho umas coisas pra dizer
é o seguinte consegui um troço que eu queria a muito tempo sabe e eu vi que sinceramente preciso acreditar mais nas coisas sabe eu sabia que ia aparecer algo e simplesmente deixei o destino vir quer dizer eu sei que eu me mexi eu mostrei que tou interessada e isso foi valorizado e a questão é essa eu simplesmente achei que esse tipo de coisa não era mais valorizado nos dias de hoje, sabe estar interessado em algo me parecia tão sem despropósito e era assim que eu me sentia - sem despropósito de ser porque sou tão interessada pelas coisas pelas pessoas e ninguém ve isso, sabe parece dramalhão mas esquece porque eu to aqui escrevendo isso com um prato de massa e um copo de champagne na frente pra dizer QUE TO FELIZ PRA CARALHO e que quero lembrar disso pra sempre então to postando aqui pra não esquecer porque eu sou muito apaixonada por essa coisa toda não só a linguística mas o meu curso o envolvimento a pesquisa a vida toda sabe e foda-se que eu to sempre solteira adoro estar solteira isso me deixa extremamente minha e é tão bom ser só seu cacete é tão bom poder se afogar num prato de massa e ler um poema antes de dormir e tomar uma garrafa inteira de champagne e não se preocupar em dar satisfação nem em o que isso vai significar pra outra pessoa porque SÓ IMPORTA PRA MIM só eu importo gente vou ali comer antes que fique frio quero só ver como ficou tudo isso beijo tchau

quarta-feira, 14 de julho de 2010

pois me quero clara

O drama de uma vida pode sempre ser explicado pela metáfora do peso. Dizemos que temos um fardo sobre os ombros. Carregamos esse fardo, que suportamos ou não. Lutamos com ele, perdemos ou ganhamos. O que precisamente aconteceu com Sabina? Nada. Deixara um homem porque quis deixá-lo. Ele a persiguira depois disso? Quis vingar-se? Não. Seu drama não era de peso, mas de leveza. O que se abatera sobre ela não era um fardo, mas a insustentável leveza do ser.


tem abatido sobre mim toda essa leveza que milan kundera fala. todo o sentir do ser que nos mata, lentamente, aos poucos, e ao nos fazer entender o mundo vem nos tirando algo - é na incompreensão que somos inteiros. tem sido apresentado dias intensos de dor e sol, onde carrego apenas a mim mesma, tão leve comparada às trevas, mas tão dispersa que quase me sufoco... dias tão lindos e tão tristes.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

passarim quis pousar, não deu, voou

(me deixa ir como passarinho, quero conquistar o que já é meu. alça voo comigo, mas no bater de asas maior, não fica mais. não te pertence o meu vôo alto. só posso voar ao teu lado até médias alturas. vou. e me deixa ir. preciso do céu só meu, sem ninguém pra disputar comigo. vou, porque não enxergo tudo como divisão, e sim como roubo. sou um pássaro azul. celeste. redundante. desconfio até que tu não és passarinho como eu, por isso não te acompanho mais. meu vôo é mais sereno, mais lúdico, quase calmo, eu diria, se não fosse da minha natureza a agitação. tu é helicóptero, avião talvez. descompasso meu e teu. passarinho e avião. às vezes acho que tu não entende realmente nada que eu acho, que eu sou, que eu digo. não me olha com esse olhar de avião. não me olha como se eu fosse menor - vês também que por ser passarinho sou mais belo? uma beleza diferente, não superior. talvez se trate apenas disto: esse olhar de inferior que me lançam todos e tanto. por isso sou passarinho pré-potente, quero sempre mais, mas só no querer. pássaro inseguro que se esconde no galho. te encontro nesse galho também. entende que tu falhas? trocando algo gasoso por algo sólido. mas só por fora. porque tu te esconde como ave recém-nascida e é aí que me fazes pensar que na verdade não és avião, és pássaro também. te deixei voar, me deixa também. e se tu for pássaro mesmo nossos vôos vão se cruzar outra vez, mas se tu for avião teu lugar é na terra, no chão. e então é com um adeus que te aceno, porque esse realismo já não me convém e é só no céu que eu encontro paz.)

eu só eu

não tenho amores pra contar.
não tive, não tenho e por que não dizer? não terei.
e não tenho muito o que contar. minhas palavras pesam, porque é nelas que descarrego toda a dor do dia, todos os dias. por isso falo tanto. já sei agora que não preciso me explicar, não preciso me expressar. mas sou eu quem me explico, não enxergo ninguém do outro lado.
se é pelos cotovelos que falo é pra dar mais uma sensação de monólogo mesmo - eu comigo sozinha parada e minha. e se te canso é porque cansei de mim.
dialogo na busca de algo novo, algo insano, algo também são. se antes era a lucidez que me afogava, talvez seja hora de admitir que a loucura invadida está me abrindo fendas de tanto me apossar.
ainda sinto meu couro cabeludo sensível, o toque dos casacos macio. o supremo. redescobri os tecidos há duas semanas. é no cinestésico que tenho me baseado. não quero dividir essas sensações com mais ninguém. não exatamente um não querer: um não poder. o som sinto que posso passar, o visto sinto que posso mostrar - mas o toque é só meu. imagem que fala muito de mim agora: isolada, particular. eu só eu. é no meu avesso que tenho me descoberto mais minha. é no meu contraste que me acho brilho. não só luz, mas muito vento. me repito que nasci-sozinha-sou-sozinha-morrerei-sozinha. mas é mentira. bem sei eu o quanto me esforço, mas não sou só. sou conjunto, sou dupla, sou vinte mil luisas na mesma cabeçinha. e não sei ser uma só - estou sempre acompanhada de mim. às vezes todas, às vezes três, nunca só (eu não aguentaria se fosse diferente). tem momentos que queria ser zero. zero luisas dentro de mim. mas ainda não foi possível ao ser deixar de ser. então continuo sendo (não tenho escolha).
minha palavra é oca. minha fala às vezes é mero ranger do coração, simples gemido que descuidadamente saí como palavras. e torturo. (e me torturo)
eu bem sei o que me incomoda. e não é deixar de dizer em voz alta que me torna menos consciente. e não é que eu me incomode que eu consiga mudar. (já não sei se quero mudar)
não tem nada mais triste do que se sentir insuportável. e nada mais insuportável do que compartilhar desta opinião. não se aguentar a si próprio destrói. e é no destruir que busco um alento.
cinza digna, não?
já não calo. há muito digo o que penso e o que não penso também. porque o silêncio me dói. o silêncio dá lugar a ação e com ela eu já não posso lidar (só sou boa com as palavras).
não, não quero férias de mim, não é bem de mim. é do mundo, desse mundo. férias da minha vida, um ir longe e voltar depois. mandar umas luisas de viagem e outras luisas ficam por aqui. e vamos, porque ficar já não é uma opção.

domingo, 27 de junho de 2010

oui

sí. sim. sì. yes. ja.

sábado, 19 de junho de 2010

ainda que dentro de mim as águas apodreçam

sabe, eu sinto saudades tuas, uma saudade como se eu realmente tivesse te dito inteira um dia. não, não estou te cobrando nada, acho que essa inteirice que eu falo era completamente impossível na época, e nem digo isso pela distância, digo isso por mim mesma. eu não sabia ir fundo, eu não queria ir fundo. não sei se tu entende, mas eu tinha tanto medo que esse fundo fosse todo musgo, todo verde, que nem aquele conto do caio, sabe? de que eu fosse só um fundo sujo e feio. então não me atirava. não sabia eu que, quando a gente vai fundo o musgo é bom, a gente se entrega a ele. se tiver vontade, fica nele. se tiver sono, dorme lá. se tiver fome, come o musgo até. mas eu não podia, entende? e da mesma forma como não te acuso também não me desculpo. eu não podia ir mais fundo porque eu era um ser humano desforme, incompleto, meio oco. não exatamente oco, mas um tanto sem cor.
tou procurando a minha cor. tu vai dizer, o que isso tem a ver com as saudades do começo? eu te respondo: tudo. é procurando a minha cor que eu percebo o quanto tu faz parte dela. eu demorei muito tempo pra conseguir pensar sobre isso, porque de um tempo pra cá comecei a racionalizar tudo, e antes nunca tentava, queria só "sentir". agora entendi que sou um ser da cabeça, que só através dela chego no coração. então agora penso, agora sinto. tu faz parte da minha cor e é por isso que sinto saudades tuas. porque sei que seria uma cor mais brilhante contigo em mim, na minha vida. não sei se tu entende, sabe, não é um mais brilhante de porpurina, é um brilhante de reflexo do sol, vivacidade na cor, intensidade nela. o mesmo tom, a mesma cor, mas sem ti é menos tom, menos cor.
sinto saudades de um 'tu' que tu nunca foi. como aquela saudades de ter morado num lugar que na verdade nunca fomos, mas temos isso tão forte na cabeça que a saudade dessa ilusão é tão dolorida como se fosse de algo real.
então, todas essas voltas é porque eu quero te dizer que essa saudade é boa, sim. quero te dizer que sentir saudades é sentir estima por alguém, e admitir que preferia o perto ao longe, o contato conflituoso da presença ao olhar tranquilo de quem não se toca. quero te dizer que só sinto saudades porque te amei. e te amei de um jeito duro de amar, um amor só meu, áspero e forte e dolorido e fudido, sabe, e meu. era teu, também, esse amor. mas parece que eu só te dei a parte dura, que eu, como disse antes, tinha medo de sujar meus dedos no musgo e então me guardava inteira, sem perceber que já tava contigo tudo que fazia sentido guardar. te amei, e é essa saudade que dói, de ter ido até o fundo e não ter provado o musgo.
quando digo que procuro a minha cor é isso, porque finalmente entendi que só me sujando de musgo é que vou poder enxergá-la. e sei que tou perto disso, sei porque tem havido uma tranquilidade que anuncia esse encontro. hoje sou toda mar dentro de mim. ainda não descobri qual, mas a minha cor é feita de água. e é uma água que eu nunca vou me perdoar de não ter dividido contigo.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

um desenho sobre ninguém

ônibus meio vazio, plena chuva, uma senhora sentou do meu lado, puxou uma folha e um lápis e começou a rabiscar algo. desenhou um rosto, o cabelo liso, um cachecol no pescoço. pensei estranhamente que podia ser eu, ali do lado dela, de cachecol e de cabelo liso. foi desenhando, assim, devagar, alguém sentado, sem boca nem nariz nem olhos. não sei se era pra mim, mas me deu um frio na espinha, algo meio mágico, meio estranho, meio bom; parecia tão irreal, sabe. alguém me desenhando em plena chuva. me deu vontade de sair por aí nos ônibus, puxar um lápis e um papel e desenhar quem tá do lado. não costumo desenhar, mas me deu muita vontade de passar essa coisa boa que eu senti pros outros, pra eles também se sentirem assim, mais vivos. preferi acreditar que sim, era eu.
e era uma cabeça sem rosto, na realidade. como a tatuagem de uma fada que levo nas costas - passa uma expressão serena, que eu gosto. como os " O.O " que costumo desenhar no caderno nos momentos de ansiedade. meio assim, vazio.
a questão é: parecia que o fato de ela estar me desenhando, de estar delimitando minhas linhas, embora bem genéricas, fosse um sinal. ou talvez uma afirmação de que eu existia. de que isso era real. de que valia a pena. de que a vida era tão linda como senhoras estranhas que sentam do nosso lado e nos desenham.
senti algo estranho, até sobrenatural, até besta e tudo, mas algo estranho e bom. um arrepio no corpo todo.
chego a pensar que sonhei. talvez tenha sim, sonhado, inventado, aumentado.
mas não faz diferença. que é a minha vida além da impressão de mim?

sábado, 12 de junho de 2010

às vezes penso tanto em você

o gosto da cerveja já não é o mesmo. as coisas já não significam nada, e ela continua aqui: tão na mesma!
te embaraça o sorriso frouxo, te irrita o olhar de desprezo, te encanta o jeito de andar torto. ela te tem. já te ganhou. e tu só pode chorar. ou esperar. ou esperar e chorar.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

questionário, haha

Achei esse questionário de quando eu tinha, sei lá, 13 anos... resolvi fazer. :)

00. Data: 04/06/2010

01. Nome : Luisa Bitencourt

02. Idade – 19 recem feitos

03. Pele – branca

04. Olhos – um olhar fechado e que assusta, que afasta. que chora. olhinhos de peixe, já diziam.

05. Cabelos – castanhos claro. já foram meio azul, meio verde, meio preto. meio loiro e meio desbotado. agora estão meio originais. tou no estivo franjinha-moderna-no-corte-repicado.

06. Altura – 1,66 e meio. já quis ser mais alta, mas ando contente com a minha altura hoje em dia.

07. Irmão(s) – um só. me dou bem com ele, mas temos uma relação meio distante em alguns sentidos. não somos "parceiros" ou "amigos", mas nos damos bem. :)

08. Apelido – Lu, luisinha... lululu?

09. Signo – gemininana estereotipada. patética.

10. E-mail - luisa.bitencourt@hotmail.com

11. Msn – "

12.Icq - esse questionário é velho, hein. hoje em dia seria "twitter"

13. Site. Blog www.temdiasqueagente.blogspot.com

14. Animal preferido – a Mylli. :)

15. Time: assim, na teoria, inter. na prática, nenhum.

16. Uma frase – "el amor que pasa, la vida que pesa, la muerte que pisa"

17. Uma banda – roda viva? tocam as minhas preferidas

18. Uma pessoa – a gabrielinha, com certeza.

19. Uma flor – uma colorida, bem bonita, de presente.

20. Uma roupa – blusãozinho preto.

21. Um sentimento – tranquilidade - no sentido bom e no sentido ruim

23. Um gesto – cafuné

24. Um lugar – nenhum específico, só longe.

25. Um objeto – um livro

26. Um veneno – medo

27. Uma arma – os olhos, o olhar, o não-olhar

28. Um programa – tomar café (o ritual todo)

29. Um horário – 11:11

30. Um verbo – sair

31. Um ídolo – parece coisa de metido a intelectual, mas é que o cara me tocou fundo: dostoievski

32. Um dia – um dia fora de casa, esse dia.

33. Um barulho – de assobio.

34. Um ator/atriz - ? ai sei lá

35. Um cantor (a) – vinicius de moraes

36. Um calçado – pantufas (tri que nem tenho :( )

37. Um poema - Canção de outono (quintana)

O outono toca realejo
No pátio da minha vida.
Velha canção, sempre a mesma,
Sob a vidraça descida...

Tristeza? Encanto? Desejo?
Como é possível sabê-lo?
Um gozo incerto e dorido
de carícia a contrapelo...

Partir, ó alma, que dizes?
Colher as horas, em suma...
mas os caminhos do Outono
Vão dar em parte alguma!

38. Um numero – 49

39.Uma bebida – cerveja, fazfavor.

40. Uma comida – sushiiii

41. Uma mobília – minha cama

42. Um filme – whatever works, último que vi no cinema e gostei bastante

43. Uma letra – L, imendado e maiúsculo

44. Um meio de comunicação – celulare.

45. Um doce – pudim

46. Uma pergunta – sair ou não sair?

47. Um pedido – dinheiro, me deem dinheiro!

48. Uma mania – calcular o tempo de tudo

49. Um desenho – seilá

50. Um personagem – mafalda

51. Um personagem de HP - snape

52. Um perfume – o teu -Q

53. Uma jóia – ?

54. Uma estação - Outono, sempre

55. Uma fruta – banana, meu primeiro alimendo do dia

56. Uma cidade – bs as

57. Uma matéria – matéria do que, criatura?

58. Um seriado – friends me faz rir sempre :]

59. Um comercial – Não.

60. Uma novela – também não.

61. Uma música – Luíza - Tom Jobim

62. Um sonho – sair da casa da minha mãe

63. Uma pessoa bonita – tem tanta gente bonita

64. Uma pessoa feia – tem tanta gente feia

65. Uma mulher (cara) gostosa(o) – ééé

66. Um carro – tomara que eu ganhe um, pode ser preto.

67. Um esporte – ahhhh um bonito de olhar, sei lá

68. Um país - Argentina

69. Um cd – o Quatro do Los Hermanos me agrada muito

70. Uma revista – super interessante era interessante, ams faz décadas que não leio

71. Um shampoo – nem sei

72. Um Sabonete – "

73. Um Perfume p/ o sexo oposto – com ou sem perfume, passem longe

74. Um Show – do connor :)

75. Um livro – Angústia, do Graciliano

76. Uma vontade - comeeeeer

ESCOLHA :

77. Velho/Novo? – novo (acho que em anos que faço esse teste é a primeira vez que escolho o Novo)

78. Café/Chá? – café - (you can sleep when you're dead!)

79. Dia/Noite? – noite...

80. Cego/Surdo? – surdo, surdo. mas ambos seriam tristes.

81. Amor/Paixão? – acho que paixão, sabe, apesar de tudo ultimamente tem feito sentido paixão, não amor.

82. Por/Nascer do sol? – Nascer... de cabelo molhado, indo pegar o ônibus. :)

83. Verão/Inverno? – inverno, inverno. mas que frioooo que faz.

84. Verdade/Desafio? – verdade, é.

85. Piscina/Oceano? – piscina, tenho um pouco de medo de mar, e no me gustan mucho las onditas.

86. Bolo/Torta – bolo, não sou muito da torta

87. Manteiga/Requeijão? – requeijão :D

88. Ouro/Prata? – prata, mais bonito.

89. Diamantes/Pérolas? – Diamantes

90. Banho de Chuveiro/Banheira? – banheira, é

91. Fogo/Água? – fogo, fogo.

92. Tv/Cinema? – Cinema!

93. Filme/Novela? – que tipo de pergunta é essa? filme, né.

94. Sair/Ficar em casa? – sair, por favor.

95. Preto/Branco? – preto

96.Tom Cruise/Brad Pitt? – tom cruise.

97. Aqui/Lá? – lá

98. Peixe/carne - peixe. no sushi.


...VOCÊ JÁ...

99. Quebrou algum osso? Qual? – não

100. Foi atropelado? – não

101. Saiu em público de pijamas? Quando e porque? – não

102. Chorou por algo bobo? Pq? – o tempo todo, por tudo

103. Chorou em um filme? Qual? – em muitos, em muitos mesmo.

104. Se apaixonou por um professor(a)? – talvez, ahahahh. tá bom, já, mas só na faculdade.

105. Se apaixonou por um parente? – nãããão!

106. Fez algo idiota para chamar a atenção de alguém? O que? – claro que fiz.

107. Se declarou? – é, já... mas sabe aquela frase "Nunca, jamais diga o que sente. Por mais que doa, por mais que te faça feliz. Quando sentir algo muito forte, peça um drink."

108. Guardou um segredo? – guardei.

109. Atuou em um palco? – já. fiz teatro e dança.

110. Achou algum personagem atraente? –claro, ué, são pessoas. embora atuando, pessoas.

111. Viajou para o exterior? Pra onde? – pra Paris :) no ano novo, lindo lindo.

112. Teve um amigo imaginário? – bá, tive muitos. eles sempre apareciam no banheiro.

113. Colocou fogo em alguma parte do corpo? no braço. uma vez só.

114. Escreveu para alguém famoso? – escrevi, mas acho que enviei poucas vezes.

115. Jogou pedras em um cabo telefônico? – não

116. Andou de avião? - a-ham.

117. E de navio? – navio não

118. Caiu de uma árvore? – muito.

119. Caiu na frente de todos? – é.

120. Fez algo que se arrependeu muito? O que? – olha, acho que nada que eu realmente me arrependo, faria diferente algumas coisas agora, mas na hora acho que fez sentido.

121. Pensou que ia morrer? – já, acho que já.

122. Foi operado? Pq? – só quando arranquei os dentes :/

123. Esquiou? Qdo e como foi? – Esquiei. em Bariloche, há uns três anos. foi lindo, fácil até. o difícil foi ficar parado, esquiar era tranquis.

124. Escreveu uma fanfic? - não.

125. Se sentiu seduzido(a) por alguém q não conhece direito: sim ué

126. Esteve no telefone por mais 5 horas com a mesma pessoa: acho que não

127. Mentiu e se arrependeu? talvez, não me recordo, mas devo sim.

128. Se vingou de alguém q ñ gosta? nada muito vingativo e grande nao.

129. Ficou bêbado? com frequencia


...NAS ÚLTIMAS 48 HORAS VOCÊ ...

130. Fez um desejo às estrelas? pior que fiz, sabe, e fazia meeeeses que não fazia.

131. Fez uma calda de chocolate caseira? Não.

132. Beijou alguém? não, tou treinando pra freira.

133. Chorou? não, também não.

134. Escreveu uma carta? não.

135. Cortou o cabelo? nããão.

136. Usou gravata? não.

137. Viu seu filme preferido? mas e qual é o meu filme preferido??

138. Abraçou alguém? sim, muitos abracinhos.

139. Falou com o seu amor? no lo hay

140. Teve alguma prova? não!

141. Se sentiu estúpido? Porque? sim, me senti. por n razões.

142. Deu presente a alguém? O que e pra quem? acho que não.

143. Teve uma conversa séria? Com quem? - sim, com a gabriela, com a minha mãe, com meu irmão, blé.

144. Brigou com alguém? Com quem? nada fora do normal

145. Riu até chorar? Porque? acho que sim, tenho rido bastante.

146.Dormiu fora? Onde? não, até que não.

147. Foi ao teatro? Ver o que? Não.

148. Foi ao cinema? Assistir o que? não.

149. Viu alguém que não via a muito tempo? Quem? vi o audy :)

150. Conheceu alguém? Quem? não sei, acho que não.

151. Teve medo? Do que? ah, sei lá, tive uns medos aí;

152. Sentiu falta de alguém? Quem? sim. da bárbara.

153. Foi a uma festa? não.

154. Mentiu? acho que não, mas talvez.

155. Foi mal numa prova? não.

156. Foi dar uma andada? fui. fui.

157. Teve um pesadelo? acho que nao

158. Acordou muito cedo? sim, acordei. pra ir no médico.

159. Dançou? um pouquinho

160. Se apaixonou? Por quem? pela vida. haha.

161. Se sentiu feliz? me senti, sim.

162. Se sentiu triste? também. :)

163. Sentiu saudades? já foi essa.

164. Entrou no mirc? not

165. Ajudou um estranho? - acho que não

...VOCÊ SE ACHA ...

166. Um bom ouvinte? sim. embora eu fale muito, acho que sei ouvir muito também.

167. Uma boa companhia? depende pra que.

168. Uma pessoa feliz? às vezes sim, às vezes não. :)

169. Uma pessoa com os pés no chão? sim, me considero.

170. Bonito(a)? não

171. Um bom amigo? sim, uma boa amiga.

172. Um bom conselheiro? acho que sim.

173. Um bom mentiroso? também acho que sim.

174. Uma pessoa confiável? sim.

...VOCÊ ACREDITA ...
175. Em Deus/Diabo? não.

176. Em bruxos? não acredito. pero que las hay, hay.

177. Em amor a primeira vista? mais ou menos...

178. Em você? acredito! tenho, né.

179. Em seus amigos? alguns.

180. Em seus familiares? alguns, às vezes.

181. Em quem te mandou esse questionário? nao lembro qm mando. tenho isso salvo há anos.

182. Em astrologia? acredito.

183. Em ET? em vida fora da terra sim. em caras de cabeça grande e verde não.

184. Em monstro debaixo da cama? um pouco.

185. Um por todos e todos por um? ahhhhhhhhh nao

186. Teoria Big-Bang? sim, até que sim.

187. No governo? ??

188. Poderes psicológicos? sim, mas em vários tipos e formas e etc.

189. Espíritos? hum... não tenho opinião formada.

190. No verdadeiro amor? claro!

191. Na verdadeira amizade? claro claro claro

192. Em dinossauros? ai sei lá

193. Em Adão e Eva? em quem?

194. Em mágica? naquelas

195. Vida após a morte? não.

196. Destino? hmm... mais ou menos.

... VOCÊ ...

197. Passou de ano? aiaia. passei nas cadeiras todas que eu fiz, sim.

198. Chora com quem? sozinha... na maioria das vezes

199. Tem os pés no chão? ja respondi.

200. Está de olho em alguém? ahhh, nao exatamente.

201. Está namorando/ficando/de rolo? tou treinando pra freira, já disse

202. Tem uma linha da vida? ahhhn

203. Gosta de dançar? gosto super.

204. Gosta de estudar? gosto, mas às vezes tenho preguiça.

205. É feliz? já respondi também.

206. Está com fome? não, acabei de comer

207. Está apaixonado(a)? não, espero.

208. Está sendo correspondido? -

209. Sente ciúmes de quem? nem sei. mas sinto. de todo mundo um pouco, sei lá.

210. Pede conselhos a quem? pra gabriela e pra ana.

211. Sente saudades do que? porra, pela terceira vez essa pergunta.

212. Dorme com bichinhos de pelúcia? não mais.

213. Decora os telefones mais importantes? hoje em dia não.

... SEUS AMIGOS ....

214. Fale os melhores amigos: ana e gabi, tenho os bolinhos e o povinho da letras

215. Qual é o(a) mais engraçado? todos são engraçados

216. Qual é o(a) mais divertido? e todos são divertidos

217. Qual é o(a) mais tímido? não sei

218. Qual é o(a) mais histérico? não sei, eu sou meio histérica.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

ah, passa devagar a tua mão na minha cabeça

toca meu coração com teus dedos frios...
eu tive tanto amor um dia!


sinto que toda essa minha frigidez é a espera por alguém que em algum lugar, de alguma forma, já me aguarda também, talvez numa esquina de buenos aires, num beco de lima, num lugar qualquer, mas longe daqui, longe desses meados de sentimentos picotados e destrutivos (ou destruídos apenas).
alguém que, querendo ou não, também já me espera. talvez não com invernos dentro de si, como tenho feito eu, mas com uma extravagância e loucura de verão; alguém talvez que esteja nesse momento agarrado em outros corpos, desejando-os até, mas que por dentro me espera, prepara o terreno pra mim.
sei que é mais fácil aceitar isso do que fazer alguma coisa com a minha total apatia agora, aqui. mas não posso fazer nada se sinto que todos que eu encontro por essa Porto Alegre cansada e húmida não valem a minha atenção, no máximo o inverso: eu não valho a deles. não posso fazer nada se sinto que tem alguém eufórico e triste em algum lugar, porque me procura pelas esquinas e becos, mas sente e sabe que eu não existo ainda.
talvez seja isso: ainda não existo. preciso me fazer existir. preciso me mexer. dar um jeito de mudar essa mesmice.
o que nos espera leva tempo, mas será que algo espera? que as coisas não vão acontecendo?
aqui não acontece nada. mas e eu, que não aconteço também? por onde me encerro e começo de novo? tou cansada desse meu marasmo. tou cansada de mim.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

quem semeia vento colhe sempre tempestade

então continua alimentando gostos estranhos, sufocando as poucas paixões que te vem, desinibindo idiotices nas horas onde melhor seria nem existir.
continua, criança tola, a dormir pouco durante a noite, a tentar repor o sono à tarde e não conseguir render o dia. continua, criança, e reclama dos sonhos que não lembra, sem perceber que ao menos agora sonha...
morre na metade dos sorrisos, tenta apagar as lágrimas já tão desejadas, mostra que tem mil planos e não realiza metade.
chora, criança, que te faz bem. grita, criança, pra ver se essa coisa entalada na garganta se desintegra.
ah, mas ao menos semeia o que ainda te convém e não te mata, continua com as epifanias estranhas e óbvias, continua saindo de cabelo molhado no invero, só pra sentir o cheiro de vida de manhã cedo...
ah, criança! que vontade de te por no colo e te ninar, te ajudar a resolver as coisas, uma vontade enorme de te dar carinho e nunca mais te deixar só.

sábado, 15 de maio de 2010

antes que esse nada me sufoque

não tá rolando, entende? esses dias alguém me disse que só acredita em amor quando é natural, quando acontece, quando as coisas fluem. não tá fluindo, vês? se sou eu, se é tu, se somos nós quem não combinamos - já não sei. já não me importo.
a resposta da pergunta que tu não me fez, que tu não vai fazer nunca, a resposta é NÃO.
não mais. não vou ficar esperando. que eu queria, que eu tava na pilha, ah! tava sim. mas se ainda me resta uma ponta de orgulho e auto-estima, cá está ela se manifestando. fim. fim dessa coisa que não teve sequer um começo. fim dessa coisa que só pode ser chamada de "coisa", porque não é nada, nem um relacionamento, porque sequer ficamos com frequencia, ou trocamos carinhos, e nem uma trova propriamente dita, porque também é evidente que já passamos dessa fase.
eu te quero. e deixei bem claro. álias, nunca fui tão clara antes. mas se tua resposta é vazia e receosa, se tu hesitas, então isso é mais um não do que um sim. tu tá me enrolando, tá enrolada com a vida também. não tem espaço pra mim. e repito: não sei se é tu quem não tem espaço, ou eu que não me encaixo nele. mas a gente não encaixa. a nossa "coisa" não flui.
e eu concordo com a pessoa que disse isso, ao menos em partes, que tem que ser natural. e não tá sendo. eu to fazendo um esforço e me incomodando desde agora com coisas bestas e nem sei se sequer tu gravou meu nome direito.
exagero. mas a metafora vale.
to cansada disso. de não ter tempo, de ter que marcar e desmarcar e remarcar e não fazer nada direito e ser deixada de lado.
eu não vou ser segunda (ou terceira, quarta, quinta) opção de novo. eu não vou abrir mão das minhas coisas de novo. eu não vou implorar pra deixar de ficar em casa estudando e sair comigo. eu não vou passar por essas coisas outra vez, porque todo mundo sabe que quando se quer tempo se arranja, e é a pessoa que tem que arranjar, não a outra. e não vou fazer isso porque já me desgastei muito, e ando precisando de pessoas que me ponham pra cima, e não pra baixo.
tu me poem pra baixo.
e é por isso que eu escrevo essa carta que não vai ser entregue, com essas coisas todas que eu queria dizer mas não vão ser ditas. pra clarear as coisas, pra deixar bem esclarecido que sim, eu quem tomei a última iniciativa, eu quem fui o último contato feito, e se alguém aqui levou um fora, fui eu. e é tentador insistir nisso, por mais simples e não-duradouro que fosse, porque tua companhia me agrada muito, e eu já me afeiçoei aos teus traços. mas escrevo principalmente pra dizer que é uma escolha minha também esse fim. que é uma escolha consciente e difícil, mas que já foi tomada.

aproveita o livro. e por favor me devolva ele um dia.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

vazio vazio

hipnotizar, lembrar meu amor
meus olhos e narinas em prontidão
a mão suando frio e um vazio vazio
são os desenhos da fumaça de um cigarro aceso
que viram bolhas pra me embrigar
(que viram flechas pra me envenenar)

sábado, 8 de maio de 2010

não

tem um seriado estranho que tá dando na tv. tudo dá errado na vidas pessoas e depois um dos personagens salva o outro sendo muito solidário e amigo e tudo fica magicamente bem. quer dizer, talvez não seja estranho, seriados são assim normalmente, mas me doeu ver. não é assim, sabe, não é assim simples, alguém caga em ti e tu fica acabado, sabe? não é só aparecer e fazer todas as pessoas participarem de um leilão beneficiente e todos colaboram, sabe? não é assim.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

aqui dentro há morangos

"eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno, bem no meio duma praça. então os meus braços não vão ser suficientes para abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta, mas tanta coisa que eu vou ficar calado um tempo enorme só olhando você, sem dizer nada, só olhando e pensando: meu deus, mas como você me dói de vez em quando."

sabe, eu fui olhar uns depoimentos antigos agora, mas não tive coragem de ler todos, de ler tudo. como fomos tristes, como fomos iludidos, como fomos junto. e nessa morte constante das coisas, como fomos muito vivos.
acho que embora na época fizesse sentido, dizer "somos o pior do que poderiamos ter sido" hoje em dia não vale mais. fomos além. estamos todos vivos. todos sãos. alguns de nós até moram sozinhos. e, apesar dos pesares, estamos bem.
eu confesso que achei que mudariamos mais. mas não falo só dos defeitos e criancices que carregamos a tempos, as qualidades também, essas ficaram. não nos corrompemos tanto. não nos suicidamos tanto. não desistimos tanto. só o suficiente.
e até mantemos contato. escasso, é verdade, mas mantemos.
eu quero, e vou, postar algo melhor sobre nós, encaixar melhor isso na minha cabeça. mas sem crises, sem receios, sem melancolia de mais também.
doemos tanto juntos, mas sorrimos tanto, gritamos tanto, repito: vivemos tanto.
eu amo vocês. levo cada um junto comigo, sempre que caio tiro esforços do que aprendi com vocês pra levantar. eu amo muito vocês. deem voltas, mas não fiquem muito longe.

att,
luisa

quarta-feira, 14 de abril de 2010

ela era todo amor

nó no peito, aflição, tem dias que a gente se sente estranho.
estranha. distorcida, carrancuda (que palavra feia!), estagnada, medrosa.
ela ia, voltava, ia, um pouco sem sentido mesmo, outro pouco fazendo tanto sentido, meu deus, mas não queria crer, não era possível crer, não tinha motivos para crer, era afinal obrigada a crer: doía.
o agora (doía admitir também). o antes (isso já aceitava sem dor). e o depois (o medo vinha com o futuro, sabia).
doía, porque ela toda era feita de mel: derretia, escorria. escapava também. fugia também. era terrível, era medo e era amor. e era, sim, da sua forma mais estranha e fútil. os três. talvez não o último (como ia saber do que não veio ainda?). ela era só. o amor pra ela era se sentir só. ela vivia bem, comia bem, continuava tudo bem, mas o nó no peito - aquele do começo do texto - não ia embora. às vezes, ia. mas voltava. teimava. o nó no peito de quem sofre, de quem não resolveu nada. mas não dava pra resolver assim. não sabia como resolver assim, como voltar com a paz dentro dela. ela era continuação: não era quebra pacífica. ou era continuação ou era rompimento brusco: não sabia ir embora, tinha dificuldade em ir embora. ela estava sempre continuando. ou sempre saia correndo. não conseguia ir embora caminhando, calma, segura, feliz. não conseguia porque não fazia sentido. doía. e a dor incomodava. fingia que não, fazia cara de feliz, virava as caras e fechava os olhos pra não ver que estava insatisfeita: mas estava.
e não resolvia, e não morria também. a dor era suportável.
e suportava. e esperava ansiosa todo dia que aquilo tivesse ido embora. ela toda crente esperava o deslizar do travesseiro levar suas aflições.
esperava o dia que acordaria livre, leve. não mais só.

sábado, 10 de abril de 2010

minha casa conta histórias

tem um relógio pendurado na minha parede que não anda. mas faz o barulho do tic-tac a noite toda.
tem um quadro magnético só com os imãs - tenho tanta preguiça de escolher as fotos, papéis, adendos e recordações de lugares que fui com pessoas que não vejo mais.
tenho uma placa de imã onde penduram-se minhas chaves. tive uma vez, uma rede. passei um verão inteiro nela. não durou mais (nunca tinha tempo pra rede depois que começaram as aulas), mas foi um verão intenso.
quando eu ganhei a minha cachorra, há nove anos, ela mijou nessa rede no primeiro dia que chegou.
uma vez eu queimei o braço no fogão. mas eu não me lembro. foi a única vez que enfaxei algo que não fosse o dedo. depois disso, nunca quebrei nem queimei mais nada.
quando eu terminei o meu namoro chorei uma meia hora fazendo sopa (era inverno), no mesmo lugar da casa que eu tinha me queimado. naquela mesma posição. minha mãe nunca mudou a disposição da cozinha nesses meus 18 anos, embora da sala ela mude há cada seis meses.
meu pai me ensinou a fazer pipoca nessa lugar, e, talvez inconscientemente, eu goste tanto e faça tanto pipoca porque queria ficar mais perto dele, mas não consigo. e é engraçado, porque penso que fazer pipoca é tão simples e não tem muito gosto de nada, mas eu desenvolvi uma arte toda com isso. não tem quem não diga: a tua pipoca é maravilhosa. e já não sei que paralelo posso fazer com o fogão e a minha casa e os momentos estranhos e tristes que passei nele.
não gosto de cozinhar. não vou muito até ele. mas me recordo bem desses momentos que o fogão me proporcionou.
também tem um quadro colado numa bandeja que virou mesa aqui em casa. e sabe, ficou bonito. eu tinha um pouco de vergonha dele porque são de mulheres nuas dançando no rio, e quando eu era pequena minhas amigas vinham aqui e olhavam com cara de pavor. mas depois achei ele lindo e não tava nem aí pra elas. mudei de amigas.

gosto da minha casa.
mas já não consigo lidar com ela.
nem com o fogão, nem com o relógio que não funciona, nem com a minha porta que não fecha.
e acho que esse post demonstra bem que embora eu não consigo lidar com ela não quer dizer que não a ame.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

as tristezas que roubo por aí

tenho umas manias bobas de quando me apaixono pelas pessoas. não no sentido profundo e intenso, mas aquele apaixonar à primeira vista, algo às vezes até platônico por alguém. as manias se consistem, principalmente, em me encantar por três fatores na pessoa:

1. O Cheiro
2. A Voz
3. A Tristeza

Raramente as pessoas por quem eu me encanto/apaixono/interesso preenche os três aspectos, em geral são só dois. Dentre eles, inevitavelmente, a Tristeza se encontra, e daí o Cheiro ou a Voz completa o encantamento. Pode parecer meio louco, ou estranho, mas ter uma melancolia doce é um fator relevante pra mim. E não, não quero me afundar em depressão, não super vanglorio ficar chorando e morrendo a vida toda, e tão pouco quero que a pessoa que esteja comigo fique triste. Mas, reforço: quando a conheço, tem que ser notável (pra mim) a existência dessa melancolia. Porque felicidade de mais me cansa (e tristeza de mais também, que fique claro).

Eu vejo essa tristeza como um atestado de várias coisas. poderia dizer que a pessoa parece muito Viva quando tem algo de triste. porque significa que ela sofreu, que algo lhe tocou fundo e machucou feio, e que agora se segue meio cambaleante a espera do andar normal - que vem com o tempo, com a vida, enfim: com as coisas novas. e é aí que eu entro. quero ser a coisa nova, não algo que cure, não algo que só console, nada parecido com ser psicólogo ou mãe (embora às vezes eu caia nesse último, pra fazer jus à psicanálise). quero só dizer que entendo, que também tenho algo de triste, que to cansada de fingir que tudo tá bem, que me dói várias coisas por aí e tem pedaços meus que eu sei que nunca vou ter de volta. mas tenho também recolhido pedaços de outras pessoas, tenho aprendido a lidar com os buracos em mim e tenho dormido mais tranquila a noite.

então procuro as tristezas dos outros. o olhar parado no meio de uma conversa. o silêncio de quem se lembra de algo ruim. o segredo dos traumas que a pessoa passou e ninguém sabe, ninguém vê.
me apaixono pelas tristezas. sonho com elas. tento invadi-las. quase nunca consigo - a tristeza da gente é assim, teima em não se dividir com os demais. mas continuo. certa de que há muitos como eu que também estão dispostos a entender o lado triste do mundo.

quero explicar do cheiro e da voz também, mas acho que vou deixar pra um outro momento, um momento mais conveniente, menos triste.

domingo, 4 de abril de 2010

cheiro de hortelã

o mais importante é dizer de início que não é que tudo isso tenha sido um começo, nem que ela ache isso, e não se tratava de começos, mas a coisa em si mesma já se era em todo. não, também não era um final, ela vê claramente que pode (e que realmente quer) seguir com isso um tempo ainda.
também é importante ressaltar que o sexo não foi pleno, longo ou memorável. mas foi, com certeza, forte. forte no sentido bonito e até meio grosseiro da palavra. não podia dizer que tinha sido Violento, mas seu pescoço doía, e, por bater a cabeça na quina da cama, de recordação, ganhou um galo na cabeça. o latejar do machucado fixaria bem o acontecimento durante os próximos dias.
é importante, parte que passa tangendo a primeira observação, que no outro dia tudo era um tanto frio e real. de mais. não tinha certeza se de manhã deveria ter abraçado carinhosamente como fez, se mostrando também uma pessoa que tem coração (porque se orgulhava disso), mas em todo caso quando sua mão foi segurada com força (porém ternura, dessas seguradas de Estouaquicomvocefiqueseguro) ela sentiu que não estava tão mal assim.
mas, e é importante dizer, tudo soava confuso, desconfortável e bom.
e era bom se sentir desconcertada, acordar no outro dia sem saber se beija, se espera um pouco, se um dia ainda vai tocar os lábios dessa garota de novo. se mais algum dia vai sequer ve-la de perto. e era bom, sim, essa dúvida. era bom ter dúvidas novamente, se sentir pateticamente viva.
tinha sido um dia diferente, uma noite diferente. e por isso importante. era gostoso o diferente. andava numa fase de procurar coisas novas e boas, e de abandonar as coisas velhas que ficam tornando tudo sempre tão pesado.
tinha invadido um dia da vida dela e tinha gostado dessa vida. não com inveja, nem como quem gostaria de rouber algo dela, mas como quem diz Que vida bonita a sua, onde você comprou? e era simples e rico, esse pedaço dessa vida que tinha conhecido. achava que tinha se encaixado bem, mas era evidente a todo momento que aquela não era a Sua vida, que ela não tinha espaço ali para ficar, que era melhor nem criar raízes. ela teve que lidar com esse fato a noite toda. e é importante entender que ela não sabe se o lidar dela foi bom. mas continou.
afinal o que era tudo isso? por que tinha ganhado um dia de free pass na vida dela e no outro dia nem um olhar doce? e a demora tanta pra que tudo começasse, deveria encarar como algo bom ou ruim? ela era tão objeto ou tão possibilidade?
ela sabia que guardaria pra sempre o cheiro de hortelã e as impressões estranhas de tudo que aconteceu, mas por que se importava tanto se isso ou aquilo tinham sido importantes se no final a noite fora tão agradável?
e nem se quer lhe doía ir embora de manhã.


sujeito a alterações quando minha dor de cabeça parar.

sábado, 3 de abril de 2010

sexta-feira, 2 de abril de 2010

rouca

muita cerveja e pouco casaco

segunda-feira, 29 de março de 2010

o desafio

mordeu os lábios. incerteza. agora já não tinha tanta confiança no que era tudo aquilo. pareceu, de ínicio, um grande recomeço. mas agora, sentada torta na frente do computador, vasculhando umas fotos antigas, ele pareceu meio morto e sem graça. não. não exatamente assim, porque meio morto sempre pareceu, aquele ar de viuves e tristeza que pairava sobre ele... (e afinal, que melancolia bonita é essa? medo de amar?). e também não era sem graça. definitivamente não era isso. mas era o quê?
ausente. parecia alguém ausente. já não estava ali. já não tinha certeza se gostava do que fazia, se amava aquelas pessoas de antes. só tinha certeza quanto aos cachorros. eles, amava. desesperadamente sabia que sim. mas então se tão desesperado usava o amor, por que agora, em meio a outras pessoas, é ele tão só? parece não ter fresta nenhuma, nada capaz de se expandir e abrir a porta pra uma outra pessoa entrar. dentro nele. era isso. ela queria invadir ele, de todas as formas possíveis, das formas como ela antes foi invadida. mas não ia deixar ele oco depois. sim, haviam invadido ela e a deixado oca. ela não, iria preencher ele. não completar, como se antes dela faltasse algo. mas acrescentar, trazer algo bonito. o amor. ela olhava pro computador e ainda nas fotos fazia um desafio. sabia, quando olhou a primeira vez com grande atenção, que ele era capaz de amar. capaz de ir fundo. nem todos eram capazes. mas ele era. dava pra ver no olhar - o olhar não mente. e ela também, sabia, ou queria acreditar que sabia, que era capaz de amar também. que era preciso ajudar essa pessoa tão capaz de amar. era preciso e por ser preciso ela iria se esforçar. e sentiu que não sabia se ainda se sentia encantada por ele, e tão pouco se importava. aquilo já virava uma espécie de missão. assim, quando olhou novamente pra foto, desafiou, crédula de já sair ganhadora: "te desafio a não me amar".

domingo, 28 de março de 2010

ah

Quero dormir ao seu lado e fazer suas compras e carregar suas sacolas e lhe dizer o quanto eu amo estar com você mas eles continuam me obrigando a fazer coisas estúpidas. E eu quero brincar de esconde-esconde e lhe dar minhas roupas e lhe dizer que eu gosto dos seus sapatos e me sentar na escada enquanto você toma banho e massagear seu pescoço e beijar seus pés e segurar sua mão e sair para comer e não me importar quando você comer a minha comida e me encontrar com você no Rudy e falar sobre como foi o dia e datilografar suas cartas e carregar suas caixas e rir da sua paranóia e lhe dar fitas que você não vai ouvir e assistir a bons filmes e assistir a filmes horríveis e reclamar do rádio e tirar fotos de você quando você estiver dormindo e levantar para lhe trazer café e torradas e geléia e ir ao Florent e tomar café à meia-noite e deixá-la roubar meus cigarros e nunca achar os fósforos e contar para você o programa de TV que eu vi na noite passada e ir com você ao oculista e não rir das suas piadas e desejá-la de manhã mas deixá-la dormir mais um pouco e beijar suas costas e acariciar sua pele e lhe dizer o quanto eu amo seu cabelo seus olhos seus lábios seu pescoço seus seios sua bunda suae me sentar na escada e fumar até seu vizinho chegar em casa e me sentar na escada e fumar até você chegar em casa e me preocupar quando você estiver atrasada e me surpreender quando você chegar mais cedo e lhe dar girassóis e ir à sua festa e dançar até não poder mais e me desculpar quando eu estiver errado e ficar feliz quando você me perdoar e olhar suas fotos e desejar tê-la conhecido desde sempre e ouvir sua voz no meu ouvido e sentir sua pele na minha pele e ficar assustado quando você se zangar e um dos seus olhos ficar vermelho e o outro azul e seu cabelo cair para a esquerda e seu rosto parecer oriental e lhe dizer que você é deslumbrante e abraçá-la quando você estiver ansiosa e segurá-la quando você se machucar e desejá-la toda vez que eu sentir seu cheiro e magoá-la quando tocar em você e choramingar quando estiver ao seu lado e choramingar quando não estiver e babar nos seus seios e cobri-la de noite e sentir frio quando você tirar meu cobertor e calor quando você não o tirar e me derreter quando você sorrir e me dissolver quando você gargalhar e não entender por que você acha que eu a estou rejeitando quando eu não a estou rejeitando e me perguntar como você pôde achar que alguma vez eu a rejeitei e me perguntar quem é você e aceitá-la de qualquer jeito e lhe falar sobre o anjo da árvore o menino da floresta encantada que voou através do oceano porque ele a amava e escrever poemas para você e me perguntar por que você não acredita em mim e ter um sentimento tão profundo que eu não consiga encontrar palavras para expressá-lo e querer lhe comprar um gatinho do qual eu ficaria com ciúmes porque você daria mais atenção a ele do que a mim e segurá-la na cama quando você tiver que ir embora e chorar feito criança quando você finalmente for embora e me livrar das pontas e lhe comprar presentes que você não gosta e levá-los de volta e pedi-la em casamento e ouvi-la dizer não mais uma vez mas continuar pedindo porque apesar de você achar que eu não estou falando sério eu sempre falei sério desde a primeira vez que a pedi em casamento e andar pela cidade achando que ela está vazia sem você e querer o que você quiser e achar que estou me perdendo mas saber que estou seguro quando estou com você e lhe contar o que eu tenho de pior e tentar lhe dar o que eu tenho de melhor simplesmente porque é isso que você merece e responder às suas perguntas quando eu teria preferido não responder a elas e lhe dizer a verdade mesmo quando eu não o queira e tentar ser honesto porque eu sei que você prefere assim e achar que está tudo acabado mas demorar-me por mais uns dez minutos ao menos antes de você me expulsar da sua vida e se esquecer de mim e tentar ficar mais perto de você porque é maravilhoso aprender a conhecê-la e vale a pena o esforço e falar muito mal em alemão com você e pior ainda em hebraico e fazer amor com você às três da manhã e de algum modo de algum modo de algum modo expressar um pouco deste esmagador imortal irresistível incondicional envolvente revigorante vivificante ininterrupto infindável amor que eu sinto por você.

sarah kane

sobre a obrigação de todo indivíduo ter um blog

um dos principais motivos desse blog é o desejo que ela tenha um blog também, que ela tenha um canto estranho e caótico sobre a vida dela, que não diga muito, mas que me de uns pedacinhos dela, pra eu ir provando, pra ir cuidando e descobrindo o jeito menos patético de entrar nessa vida, de quem sabe ganhar umas palavras nesse blog também, de ir procurando por ela na cidade repassando todas as palavras que ela escolheu, analisando cada uma, tirando conclusões erradas e absurdas sobre um relato banal, banal, banal.

do dia 27 de março de 2010

o dia que encontrei o amor da minha vida

como quem se depara numa festa e percebe que encontrou o amor da sua vida. talvez meio banal, sim, encontrar o amor da sua vida numa das festas mais cheias de porto alegre. mas era ele - a amor.
banal, estereótipo, platônico e burgues, mas o mesmo de todas às vezes: o amor.
me deixando nervosa patética boba louca desesperada medrosa chata ansiosa contente estranha podre pobre e amando