sábado, 17 de julho de 2010

freneticamente feliz

to tão contente que abri a minha champagne que ganhei de aniversário há dois meses e tava guardando pra um momento que ela me chamasse - e hoje chamou - e até botei minha camisa nova mesmo estando frio pra cacete e sabendo que nao vou tirar as três camadas de casaco por cima dela mas daí resolvi que ia chamar alguém ou melhor ia ir até o bom fim me embebedar com a galera e daí pensei foda-se acabei de lavar a cabeça na água quente não vou sair no frio e assim sobra mais pra mim VOU TOMAR ELA SOZINHA MESMO to tomando tá legal to curtindo botei toda minha playlist que nao é muito vasta, creio que tem umas 200 músicas só mas ela é bem eclética agora tava tocando pearl jeam e eu cantei louquíssima e peraí minha água quente tá fervendo
é que tive que fazer uma miojo to ligada que é meio triste ainda mais que eu to tomando uma champagne que nem é vagabunda nem nada mas acontece que é a única coisa que tem pra comer aqui e até que no fim achei bacana o contraste champagne MUMM e miojo NISSIN na real nem é uma miojo é uma talharim que embora seja mais cara é pior que a miojo mas pelo menos é de queijo delicioso uhum então agora tá tocando um pop louco que é spice girls hahhaha to falando que a coisa aqui tá eclética daqui há pouco tocara fuego lento e antes tocou belle and sebastian nem to
pausa pra mexer o miojo
uhmm tá pronto
mas então enquanto esfria um pouquinho tenho umas coisas pra dizer
é o seguinte consegui um troço que eu queria a muito tempo sabe e eu vi que sinceramente preciso acreditar mais nas coisas sabe eu sabia que ia aparecer algo e simplesmente deixei o destino vir quer dizer eu sei que eu me mexi eu mostrei que tou interessada e isso foi valorizado e a questão é essa eu simplesmente achei que esse tipo de coisa não era mais valorizado nos dias de hoje, sabe estar interessado em algo me parecia tão sem despropósito e era assim que eu me sentia - sem despropósito de ser porque sou tão interessada pelas coisas pelas pessoas e ninguém ve isso, sabe parece dramalhão mas esquece porque eu to aqui escrevendo isso com um prato de massa e um copo de champagne na frente pra dizer QUE TO FELIZ PRA CARALHO e que quero lembrar disso pra sempre então to postando aqui pra não esquecer porque eu sou muito apaixonada por essa coisa toda não só a linguística mas o meu curso o envolvimento a pesquisa a vida toda sabe e foda-se que eu to sempre solteira adoro estar solteira isso me deixa extremamente minha e é tão bom ser só seu cacete é tão bom poder se afogar num prato de massa e ler um poema antes de dormir e tomar uma garrafa inteira de champagne e não se preocupar em dar satisfação nem em o que isso vai significar pra outra pessoa porque SÓ IMPORTA PRA MIM só eu importo gente vou ali comer antes que fique frio quero só ver como ficou tudo isso beijo tchau

quarta-feira, 14 de julho de 2010

pois me quero clara

O drama de uma vida pode sempre ser explicado pela metáfora do peso. Dizemos que temos um fardo sobre os ombros. Carregamos esse fardo, que suportamos ou não. Lutamos com ele, perdemos ou ganhamos. O que precisamente aconteceu com Sabina? Nada. Deixara um homem porque quis deixá-lo. Ele a persiguira depois disso? Quis vingar-se? Não. Seu drama não era de peso, mas de leveza. O que se abatera sobre ela não era um fardo, mas a insustentável leveza do ser.


tem abatido sobre mim toda essa leveza que milan kundera fala. todo o sentir do ser que nos mata, lentamente, aos poucos, e ao nos fazer entender o mundo vem nos tirando algo - é na incompreensão que somos inteiros. tem sido apresentado dias intensos de dor e sol, onde carrego apenas a mim mesma, tão leve comparada às trevas, mas tão dispersa que quase me sufoco... dias tão lindos e tão tristes.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

passarim quis pousar, não deu, voou

(me deixa ir como passarinho, quero conquistar o que já é meu. alça voo comigo, mas no bater de asas maior, não fica mais. não te pertence o meu vôo alto. só posso voar ao teu lado até médias alturas. vou. e me deixa ir. preciso do céu só meu, sem ninguém pra disputar comigo. vou, porque não enxergo tudo como divisão, e sim como roubo. sou um pássaro azul. celeste. redundante. desconfio até que tu não és passarinho como eu, por isso não te acompanho mais. meu vôo é mais sereno, mais lúdico, quase calmo, eu diria, se não fosse da minha natureza a agitação. tu é helicóptero, avião talvez. descompasso meu e teu. passarinho e avião. às vezes acho que tu não entende realmente nada que eu acho, que eu sou, que eu digo. não me olha com esse olhar de avião. não me olha como se eu fosse menor - vês também que por ser passarinho sou mais belo? uma beleza diferente, não superior. talvez se trate apenas disto: esse olhar de inferior que me lançam todos e tanto. por isso sou passarinho pré-potente, quero sempre mais, mas só no querer. pássaro inseguro que se esconde no galho. te encontro nesse galho também. entende que tu falhas? trocando algo gasoso por algo sólido. mas só por fora. porque tu te esconde como ave recém-nascida e é aí que me fazes pensar que na verdade não és avião, és pássaro também. te deixei voar, me deixa também. e se tu for pássaro mesmo nossos vôos vão se cruzar outra vez, mas se tu for avião teu lugar é na terra, no chão. e então é com um adeus que te aceno, porque esse realismo já não me convém e é só no céu que eu encontro paz.)

eu só eu

não tenho amores pra contar.
não tive, não tenho e por que não dizer? não terei.
e não tenho muito o que contar. minhas palavras pesam, porque é nelas que descarrego toda a dor do dia, todos os dias. por isso falo tanto. já sei agora que não preciso me explicar, não preciso me expressar. mas sou eu quem me explico, não enxergo ninguém do outro lado.
se é pelos cotovelos que falo é pra dar mais uma sensação de monólogo mesmo - eu comigo sozinha parada e minha. e se te canso é porque cansei de mim.
dialogo na busca de algo novo, algo insano, algo também são. se antes era a lucidez que me afogava, talvez seja hora de admitir que a loucura invadida está me abrindo fendas de tanto me apossar.
ainda sinto meu couro cabeludo sensível, o toque dos casacos macio. o supremo. redescobri os tecidos há duas semanas. é no cinestésico que tenho me baseado. não quero dividir essas sensações com mais ninguém. não exatamente um não querer: um não poder. o som sinto que posso passar, o visto sinto que posso mostrar - mas o toque é só meu. imagem que fala muito de mim agora: isolada, particular. eu só eu. é no meu avesso que tenho me descoberto mais minha. é no meu contraste que me acho brilho. não só luz, mas muito vento. me repito que nasci-sozinha-sou-sozinha-morrerei-sozinha. mas é mentira. bem sei eu o quanto me esforço, mas não sou só. sou conjunto, sou dupla, sou vinte mil luisas na mesma cabeçinha. e não sei ser uma só - estou sempre acompanhada de mim. às vezes todas, às vezes três, nunca só (eu não aguentaria se fosse diferente). tem momentos que queria ser zero. zero luisas dentro de mim. mas ainda não foi possível ao ser deixar de ser. então continuo sendo (não tenho escolha).
minha palavra é oca. minha fala às vezes é mero ranger do coração, simples gemido que descuidadamente saí como palavras. e torturo. (e me torturo)
eu bem sei o que me incomoda. e não é deixar de dizer em voz alta que me torna menos consciente. e não é que eu me incomode que eu consiga mudar. (já não sei se quero mudar)
não tem nada mais triste do que se sentir insuportável. e nada mais insuportável do que compartilhar desta opinião. não se aguentar a si próprio destrói. e é no destruir que busco um alento.
cinza digna, não?
já não calo. há muito digo o que penso e o que não penso também. porque o silêncio me dói. o silêncio dá lugar a ação e com ela eu já não posso lidar (só sou boa com as palavras).
não, não quero férias de mim, não é bem de mim. é do mundo, desse mundo. férias da minha vida, um ir longe e voltar depois. mandar umas luisas de viagem e outras luisas ficam por aqui. e vamos, porque ficar já não é uma opção.